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O sábio…

Na peça  de Shakespeare, o bobo da corte, leal companheiro de Lear durante a peça, sintetiza o destino do rei: “Pobre Lear, que ficou velho antes de ficar sábio.” Nessa referência ao erro cometido pelo nobre, o bobo nos apresenta o grande problema: Lear não soube envelhecer e ganhar o único fruto que a idade pode dar em troca de todas as outras perdas: o conhecimento.

Com ele, somos capazes de manipular tudo e todos, quem sabe chegar ao Übermensch de Nietzsche. Hamlet tenta fazer disso sua razão de viver e acaba por matar quase toda a corte da Dinamarca, incluindo a si mesmo, em um jogo político intricado e problemático. Hamlet supera a vilania do usurpador Claudio, assassino de seu pai, mas paga um alto preço ao morrer atingido pela espada envenenada.. A noitinha  entre o fogo de chão o mesmo ritual, chimarrão de mão em mão. O chimarrão é  a bebida mais democrática que existe, pois na mesma cuia sorvem o mate da esperança; estancieiro e peão. O chimarrão tem gosto de esperança e embala sonhos.

Na beira do fogo de chão ao lado dos peões, os cães e gatos também se ajeitam e no céu tendo como pano de fundo o Itacolomi, uma estrela cadente corta a noite morungavense para um pedido  ser feito. O velho Dino conta que nos tempos brabos havia na região um taura temido por todos, morava no Paredão e era daqueles de faca na bota. Gaudério que tinha  dizem as más línguas umas dez mortes nas costas, a maioria as traições. Andava sempre armado e gostava de confusão nos bailes, nas canchas de carreira, no jogo do osso. Afirmam que num carteado na casa de dona Emerenciana  levantou  com  nove cartas no bolso do casaco, não sem antes dar três tiros no forro da casa num medonho “buenas noites”. Não é que em Morungava morava um sujeito chamado Abrelino medroso, imagina um homem medroso. Imaginou? Multiplica por três. O ônibus que seguia para Porto Alegre parou na faixa e Abrelino adentrou. O medroso seguiu para o fundo do ônibus que já estava lotado e sentou no único lugar vago, mas percebeu que havia várias pessoas de pé no corredor. Pensou: “Porque será que só este lugar está vago?”

Sentado e feliz por não ter que viajar até a capital de pé, Abrelino olhou para o lado e notou que seu companheiro de viagem era o sujeito aquele, o valentão. Abrelino já tremendo, suando frio e as tripas roncando ainda percebeu que o taura tinha um revolver 38 na cintura e um punhal. Mas o teatino do Paredão por sorte estava dormindo, roncava e babava no canto da boca. O nervosismo de Abrelino foi tão grande que não se aguentou e vomitou, mas pensa num vômito… Botou para fora os três ovos fritos, feijão mexido, linguiça, pão com  chimia e duas xícaras de café e sabe onde?  No colo do valentão que seguiu  roncando. Mais apavorado que nenê  cagado Abrelino sentiu que morreria ali mesmo quando o sujeito acordasse. Pouco antes de chegar à capital o índio malacara acorda e olha aquele café da manhã todo no seu colo, passa a mão no revólver e antes de qualquer coisa Abrelino que ficou sábio antes de envelhecer pergunta com cara de “preocupado”: “O senhor está melhor?”

Tem que ter concurso. 100% Morungava

Jair Wingert; jornalista

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